SOBRE OS PSICOTRÓPICOS

Há vários conceitos equivocados sobre as medicações usadas para tratar os transtornos mentais. Há quem pense que podem viciar, que utilizá-las é sinal de fraqueza, de falta de força de vontade ou de fé. Há ainda os que querem fazer uso eventual de um antidepressivo, apenas no dia e na hora em que estiverem se sentido mal...

Com algumas exceções (como os “calmantes” que citaremos abaixo) as medicações psiquiátricas (antidepressivos, anticompulsivos, antipsicóticos, estabilizadores de humor...) devem ser usados de forma contínua para o tratamento de determinadas doenças, tal qual se usa anti-hipertensivos para tratamento da pressão alta. Não são “faixa preta” e não viciam. São usados diariamente, pelo tempo necessário para o reequilíbrio das funções cerebrais.

A pessoa que é acometida por alguma doença psiquiátrica não é culpada, assim como o hipertenso deve se esforçar para lidar com a pressão arterial da melhor forma possível, sem se culpar por estar doente, fazendo o tratamento pelo tempo indicado pelo médico. Normalmente desencadeadas por um estressor, mas não causadas por ele, as doenças psiquiátricas são específicas, com história clínica e funcionamento bem conhecidos. As modalidades de tratamento são várias, de psicoterapias a dietas e medicações.

Na prática, o psicofarmacologista moderno dispõe de grande leque de fármacos. Em 1980 havia uma única medicação aprovada para doença a bipolar, o lítio. Em 2010, já eram dezenas. O famoso “Prozac” surgiu também na década de 80 e, depois dele, pelo menos 3 dezenas de antidepressivos tornaram-se acessíveis. Diante disso, realmente é possível tratamento eficaz e de baixo risco das alterações da mente, que merece ser tratada e cuidada.

Já os famosos “calmantes” não tratam as doenças propriamente ditas. Eles aliviam os sintomas, agem como “analgésicos” da angústia. Têm indicação quando os sintomas estão ativos e gerando sofrimento, até que a medicação principal faça seu efeito. Quando o efeito é alcançado, o “calmante” pode e deve ser suspenso, antes do surgimento de alguma dependência.

Antigamente, quando havia poucas medicações terapêuticas disponíveis, muitos pacientes eram mantidos por longo tempo em uso de calmantes (“analgésicos”) para alívio de sintomas, e não recebiam tratamentos “curativos”. Ficavam dependentes do tratamento e não deixavam de apresentar os sintomas. Logo, em razão dessas antigas situações, que não mais ocorrem, ainda hoje as medicações psiquiátricas sofrem preconceito indevido.

Dr Jairo Pedro Cardoso Júnior
 

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