ENTENDENDO A FOBIA SOCIAL
Esta doença caracteriza-se por uma intensa ansiedade que surge quando o paciente é submetido à avaliação de outras pessoas. Sua característica essencial é o medo acentuado e persistente de situações sociais ou de desempenho nas quais o medo tem intensidade suficiente para gerar sofrimento ou prejuízo.
Geralmente, o portador desse transtorno percebe que seu medo é exagerado, mas não consegue vencê-lo sozinho, sem o auxílio de tratamento. As pessoas ao redor podem não perceber o sofrimento do fóbico, menosprezando seu sintoma.
As situações temidas pelo fóbico são situações do dia-a-dia como dirigir ou alimentar-se na frente de pessoas. O medo de se expor e do julgamento de outrem gera todos os sintomas físicos e psicológicos relativos a um "ataque de medo", como num ataque de pânico.
Normalmente, o transtorno inicia-se na infância e as vítimas, normalmente, procuram ajuda na vida adulta após uma vida de sofrimentos. Se prestarem atenção, pais e professores poderão reconhecer a fobia social nas crianças, através de sintomas como a criança que evita festas, se recusa a interagir com outras crianças da mesma idade, tem poucos amigos e se esconde das visitas. Para o diagnóstico na infância é importante não apenas a observação como é necessário o manejo do "bullying" que muito facilmente pode gerar uma criança insegura e fóbica.
Uma pessoa tímida, apesar de certa dificuldade, costuma enfrentar seus problemas. Não tem o medo de se expor, apenas tem menor vontade de se sociabilizar ou menor "traquejo" social. Participa de entrevistas de emprego, não é solitária e não foge de situações sociais, sem prejuízos para a sua vida. Já o fóbico social se isola, mesmo que tenha carisma e capacidade social. Por exemplo, pode não conseguir exercer a sua profissão ou frequentar aulas em que tenha que se apresentar publicamente aos seus pares.
Em um momento de extrema tensão, o fóbico social poderá apresentar manifestações como ansiedade, taquicardia, tremores, diarreia, dor de barriga e rubor facial (talvez o mais aparente sintoma). Além disso, a pessoa se avaliará negativamente, com uma gama de pensamentos negativos que lhe rebaixam a autoestima e provocam esquecimentos daquilo que irá falar. Aí, o medo de se expor se materializa...
Essas dificuldades fazem com que o fóbico social, que pode perfazer até 10 % da população, tenha mais chance de sofrer de depressão ou alcoolismo, até pela tentativa de "medicar" a timidez com o álcool. O tratamento baseia-se no uso de medicações que revertem os sintomas em uso continuado, ao ajustarem certos neurotransmissores cerebrais. Também pode se usar medicações para aliviar o sofrimento momentâneo e os sintomas físicos como o rubor e o tremor, visto que, sem esses sintomas físicos, a chance de se expor e ficar inseguro diminui. É importante a psicoterapia que ajuda o paciente a lidar com suas dificuldades e desconstruir seus medos. A abordagem mais testada e aprovada é a terapia cognitivo- comportamental que, através da abordagem das crenças do paciente (seu cognitivo), consegue mudar sua expressão emocional (medo).
Os ganhos com o tratamento serão limitados se o tratamento for iniciado tardiamente, porque a aprendizagem, pelo paciente, do "traquejo" social que ocorre desde a infância, pode estar comprometida. Se a fobia social é tratada corretamente, a chance de recuperação é de 70% a 90%. E, quanto mais cedo for diagnosticada, maiores serão as chances de cura e readaptação do paciente à vida social.
Dr Jairo Pedro Cardoso Júnior