LER PRÁ QUÊ?

Hoje, com a mudança da “série” para o famoso “ano”, alterou-se também o contato da criança com a leitura e a escrita. As crianças de 05 a 08 anos estão no momento mais intenso de alfabetização e acompanhar esse processo em uma sala de aula é fácil. Basta verificar se a escola valoriza, desde cedo, a inserção das crianças no mundo da leitura e da escrita e qual o repertório de textos que elas já têm aos 5 anos de idade.

As paredes da sala de aula devem demonstrar a quantidade e a variedade de informações com as quais as crianças já tiveram contato e, por isso, podem conter recortes de jornal, listas de palavras, redações de alunos, etc. Nunca devem ser um local de enfeite que permanece intacto durante o ano todo.

O processo de alfabetização deve ser muito valorizado porque, diferentemente do que ocorreu na geração da vovó, não utiliza cartilhas. Assim, quanto mais for possível, deve-se ler e contar histórias. Essa prática habitua as crianças a diferentes tipos de texto e favorece a alfabetização. É importante reconstruir a história apresentada através de perguntas: “Como começou a história? Como terminou?” A professora deve incentivar a recontagem para que as crianças organizem os fatos mentalmente e depois consigam recontá-los.

Na alfabetização não se usam mais aquelas frases tipo "O Ivo viu a uva" ou "A babá brinca com o bebê". Por outro lado, é importante entender como ocorre o processo para que ele não se perca nos modismos que tanto prejudicam a criança. Notícias de uma reportagem de jornal devem sempre favorecer a resposta das perguntas “quem, quando, onde, como e por quê”. Devem ser escolhidas de acordo com interesses das crianças, pois favorecem a interação com o mundo real.

Só depois do processo de alfabetização estar mais organizado é que se parte para o trabalho mais detalhado com a ortografia. Muito cuidado com excesso de regras que pode prejudicar a falta de fixação de conteúdo. Frequentemente devem ocorrer leituras e escrita de pequenos textos orientados, conforme a idade da criança.

A neurociência tem chegado a conclusões muito úteis para os educadores. Por exemplo, o cérebro se desenvolve na relação da criança com o meio: um ambiente com estimulação adequada leva ao desenvolvimento de um cérebro com mais recursos e estratégias para resolver situações desafiadoras. 

Anelise Caldonazzo Pinheiro
 

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